quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Luzinhas

Quando eu era pequena me deram de presente um livro chamado "Se ligue em você" do Luiz Antonio Gasparetto, ele contava que todas as crianças possuiam dentro de si luzinhas, e essas, quando acesas traziam a tona todos os sentimentos bons fazendo o brilho sair pelo corpo inteiro através de um sorriso, um abraço, uma gentileza...Porém quando apagadas geravam medo, nervoso, sentimentos ruins que poderiam facilmente ser acabados com as luzes novamente acesas.
Eu fiz questão de me lembrar desse livro nesses últimos dias, pois eu sei que as minhas luzinhas estavam apagadas, eu não estava tendo dias muitos bonitos, não por conta dos dias, mas porque eu não estava deixando as minhas luzes se acenderem. Daqui a pouco esse post terá como trilha sonora a musica "firework" da Katy Perry, rsrs,..Voltando a falar sério, realmente não estava vendo as coisas da melhor maneira. Sempre gostei de pensar positivo, mas por outro lado, sempre idealizei muito as coisas e ficava ansiosa esperando pra que elas acontecessem do meu jeito, e ai lógico, como raramente as coisas saem como esperamos, aparentemente nada do que eu queria estava acontecendo. Passei acho que uns bons dias e semanas só reclamando, não SÓ reclamando, mas reclamando mais do que devia. Logo eu que sempre fui maior alto astral nesse bode? Chega! Já fazem dias que estou para vim aqui e publicar algo sobre os fogos de artificio do meu peito,rsrs, sem exageros agora, apertei todos os interruptores e acendi minhas luzes. Chega de brincar de pisca-pisca, eu quero ofuscar, brilhar igual farol para poder guiar pessoas próximas a mim da mesma maneira que elas me guiaram nesses meus dias escuros.
Agradeço muito, mas muito mesmo à Deus que sem dúvidas foi meu maior eletricista, consertou e ligou todos os fios que tinham dado curto e renovou todas as fiações para que as luzes fiquem brilhando por muito mais tempo. Minhas "novinhas," também foram essenciais no processo. Aliás todos àqueles que me ouviram e estiveram do meu lado me emprestando um pouquinho de brilho, o meu sincero obrigada, vocês sabem que são especiais!
Chega de agradecimentos e de coisas pessoais, no geral agora, tirando minhas conclusões de todo esse período, a lição que tiro de tudo isso é: veja o seu problema ou aquilo que te causa angustia, ansiedade, como uma criança que quer brincar do lado de fora de casa e não pode porque está chovendo muito forte. Você tem três opções: a) você pode ficar na janela sofrendo, chorando, brigando com seus pais que não te deixam sair e fazer o tempo passar mais devagar e a chuva parecer não passar nunca; b) você pode teimar com todo mundo e ir lá fora brincar e correr o risco de se lambuzar de lama, cair na enxurrada, com o vento algum galho de árvore pode se desprender e cair em você, um raio pode te atingir, pode se molhar e pegar uma gripe forte, ou seja, as coisas podem ficar pior; c) você pode ligar sua televisão, fazer um chocolate quente, comer um pedaço de bolo e ficar distraído com outras coisas enquanto a tempestade não passa.
Com os probelmas da vida que não tem o que fazermos é a mesma coisa, existem sempre essas opções, você pode ficar sentado em cima deles esperando que alguma coisa mude sem que vocês faça nada, você pode teimar com todo mundo e dar murro em ponta de faca até ficar sem dedo ou pode ocupar sua mente com inumeras outras coisas e acabar até se esquecendo do ponto que era problematico. Para o que não tem remédio, remediado está não é?
Pois foi isso que resolvi fazer, tirei a viseira de cavalo que só me mostrava o que estava na frente me machucando e comecei a reparar em quantas outras coisas existem para ser observadas, em quantas outras coisas existem para ser motivo de preocupação, e em como a minha vida é boa e feliz!
Encerro o post de hoje com um pedaço do livro que citei no começo e desejo para você que está acabando de ler, que realmente saiba e consiga mudar o foco. Não há dor que dure para sempre, nem alegria que nunca acabe, mas lembre-se se você joga uma colher de sal num copo a agua ficará salgada mas se você joga num rio não fará diferença nenhuma. Seus problemas, suas dores, são do tamanho que você enxerga que elas sejam, assim como os sonhos. Tudo passa, tem que passar, mas você tem que permitir que isso ocorra!
"[...]Ela se acende quando você pensa positivo. E você pensa positivo quando ela se acende. Ela brilha quando você faz carinho nas plantas, nos animais e nas pessoas. Também quando sua mãe lhe dá um presente ou quando você come um doce gostoso.Ela brilha mais ainda quando você dá um pedaço do seu doce para seu amigo.
Mas, muitas vezes nós deixamos nossa luzinha se apagar.
Quando ela se apaga, você sente medo.
O medo aparece quando você pensa que uma coisa ruim pode acontecer com você ou com a
lguém de quem você gosta.
Quando você tem coragem, a luzinha volta a se acender.


Coragem é o nome do sentimento que acontece quando você acredita que só coisas boas podem ocorrer com você e com os outros.[...]"

Beijos iluminados
A.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Consideração (adaptado)

Já tinha um tempo e resolvi ir nessa festa com cara de festa que você vai. Toda pessoa de barba que entrava eu achava que era você. Assim como acho quando estou na rua, no supermercado, na fila do cinema, dormindo. Virei uma caçadora de pessoas barbudas. Virei uma caçadora de você em todas as pessoas. Então você chegou à festa. E eu apenas sorri e sorri e sorri. Porque era isso. Eu queria te ver apenas. A dor numa caixinha embaixo dos meus pés e eu mais alta pra poder te abraçar sem dor, perto da sua nuca e por um segundo. Eu te acho bonito de formas tão variadas e profundas e insuportáveis. Eu vejo você parecendo um leãozinho na frente da festa. Concentrado e analisando. O rei escondido escolhendo a presa que não vai atacar. Com sua eterna tristeza cheia de piadas afiadas. Suas facas afiadas de graças para defender as tristezas que nadam baixas nos seus olhos de quem não quer fazer mal. Mas faz. Seus olhos, baixos. Em volta um riozinho melancólico e no centro o sol feliz e novinho chegando. E tudo isso vem forte como um soco de buquê de flores de aço no meu estômago. E eu quero ir até você e te dizer que eu sei que você se sente péssimo quando pessoas brigam. E como eu gosto de você por isso. E como eu queria tirar toda minha insensibilidade pra você jamais se entristecer por causa de briga dos outros. E como eu gosto de você por causa do e-mail que você mandou pro seu amigo sem noção. Como gosto quando você lembra de alguém e precisa demonstrar naquela hora porque tem medo da frieza das suas distrações. Suas listas de culturas e coleções. Os gibis. Os livros, CDs e filmes colorindo a prateleira, como artigos de decoração me matam. A história do milagre que te salvou quando você era pequeno e fraco, que ninguém achava que você iria “vingar”. Você arrepiado falando em anjos. Seus espasmos enquanto seu sono aprofunda.  Essas suas delicadezas em detalhes dormem e acordam comigo. Acariciam e perfuram meu peito  as vinte e quatro horas do dia. Uma saudade dos mil anos que passamos, ou das três semanas, ou dos dezenove meses. A loucura de gostar tanto pra tão pouco ou simplesmente a loucura de tanto acabar assim. Fora tudo o que guardei de você, me restou a consideração que você guardou por mim. Sua ligação depois, quando se lembra de cobrar ou pedir algo. Sua mão estendida. Sua lamentação pela falta de tempo. Sua gentileza e as vezes frieza disfarçada de vergonha por não gostar mais de mim. A maneira que você tem de pedir perdão por ser, mesmo sem querer , mais um cara que parte assim que rouba um coração. Você é o mocinho que se desculpa pelo próprio bandido. Finjo que aceito suas considerações mas é apenas pra ter novamente o segundo. Como o segundo do meu nariz na sua nuca quando consigo, por um segundo, te abraçar sem dor. O segundo do seu nome na tela do meu celular. O segundo da sua voz do outro lado como se fosse possível começar tudo de novo e eu charmosa e você me fazendo rir e tudo o que poderia ser. O segundo em que suspiro e digo alô e sinto o cheiro da sua sala. Então aceito a sua enorme consideração pequena, responsável, curta, cortante. Aceito você de longe. Aceito suas costas indo. Aceito o último passo virando a esquina. O último fio preso no pé da minha cama. Não é que aceito. Quem gosta assim não come migalhas porque é melhor do que nada, come porque as migalhas já constituem o nó que ficou na garganta. Seus pedaços estão colados na gosma entalada de tudo o que acabou em todas as instâncias menos nos meus suspiros. Não se digere amor, não se cospe amor, amor é o engasgo que a gente disfarça sorrindo de dor. Aceito sua consideração de carinho no topo da minha cabeça, seu dedilhar de dedos nos meus ombros, seu tchauzinho do bem partindo para algo que não me leva junto e nunca mais levará, seu beijinho profundo de perdão pela falta de profundidade. Aceito apenas porque toda a lama, toda a raiva, todo o nojo e toda a indignação se calam para ver você passar.
[texto adaptado]

Beijos
A.